O canto gregoriano é a mais antiga manifestação musical do
Ocidente e tem suas raízes nos cantos das antigas sinagogas, desde os tempos de
Jesus Cristo. Os primeiros cristãos e discípulos de Cristo foram judeus
convertidos que, perseverantes na oração, continuaram a cantar os salmos e
cânticos do Antigo Testamento como estavam acostumados, embora com outro
sentido, à medida que os não judeus gregos e romanos foram também se tornando
cristãos, elementos da música e da cultura greco-franco-romana foram sendo
acrescentados às canções judaicas.
O período de formação do canto gregoriano vai dos séculos I ao VI,
atingindo o seu auge nos séculos VII e VIII, quando foram feitas as mais lindas
composições e, finalmente, nos séculos IX, X e XI, princípio da Idade Média;
começa, então, sua decadência. Seu nome é uma homenagem ao papa Gregório Magno
(540-604) - veja o vídeo - que fez uma coletânea de peças, publicando-as em
dois livros: o Antifonário, conjunto de melodias referentes às Horas Canônicas,
e o Gradual Romano, contendo os cantos da Santa Missa. Ele também iniciou a
"Schola Cantorum" que deu grande desenvolvimento ao canto gregoriano.
A partir da iniciativa de dom Mocquereau, no final do século XIX,
o Mosteiro de São Pedro de Solesmes, na França, passou a ser o grande centro de
estudos e prática do canto gregoriano. Seus monges, na época, deram início a um
trabalho de paleografia (estudo dos manuscritos antigos) de canto gregoriano e
de recuperação dos sinais escritos nos séculos VIII e IX.
Depois, surge a semiologia gregoriana, que é a interpretação dos
sinais, com uma volta à fonte, estabelecendo uma interpretação mais autêntica
do canto gregoriano; entre outros sobressai nesse trabalho dom Eugène Cardine,
OSB.
No começo do século XX, o papa Pio X pede aos monges beneditinos
para fazerem uma edição moderna à luz dos manuscritos, surgindo então a Edição
Vaticana e em 1985 foi lançada uma outra edição chamada "Graduale
Triplex" (Gradual Tríplice) com as três notações do canto gregoriano: a
Vaticana, a de Laon (França) e a de Saint Gaal (Suíça).
Após a realização do Concílio Vaticano II (1965), o latim deixou
de ser a língua oficial na liturgia da Igreja, e as celebrações litúrgicas
passaram a ser realizadas na língua vernácula de cada país e a prática do canto
gregoriano ficou restrita aos mosteiros e a grupos de admiradores e aficionados
da beleza desta "palavra-cantada".
As principais características do canto gregoriano, também
conhecido como canto chão, são: as melodias são cantadas em uníssono
(monódico), sem predominância de vozes, ou seja, rigorosamente homofônico; de
ritmo livre, sem compasso, baseado apenas na acentuação e no fraseado; cantado
"a capella", isto é, sem acompanhamento de instrumentos musicais e
suas letras são em latim, tiradas, em sua grande maioria, dos textos bíblicos,
sobretudo os salmos.